domingo, 17 de abril de 2011

Pesquisa na escola








Este texto traz algumas discussões acerca de como tem sido feita de forma equivocada a pesquisa em algumas escolas. 



BAGNO, Marcos. Pesquisa na Escola: O que é, como se faz– 23ª Edição, São Paulo, Edições

 Marcos Araújo Bagno,é um professor, lingüista e escritor brasileiro. É professor do Departamento de Lingüística da Universidade de Brasília, doutor em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo, tradutor, escritor com diversos prêmios e mais de 30 títulos publicados, entre literatura e Obras. Atua mais especificamente na área de sociolingüística e literatura, bem como sugestões pedagógicas sobre o ensino de português no Brasil.

RESUMO DA OBRA



A obra “Pesquisa na escola:  o que é, como se faz”, foi escrita em 1998, pelo autor Marcos Bagno e subdividi-se em duas partes, na qual o autor traz reflexões acerca da pesquisa no espaço escolar. No primeiro momento o autor traz discussões sobre a pesquisa na escola em geral, e no segundo momento ele discute a introdução da atividade de pesquisa na disciplina de língua portuguesa.

Segundo Bagno, nos espaços escolares alguns educadores se confundem ou desconhecem o verdadeiro sentido da pesquisa, submetendo os educandos a um estresse emocional injusto e desnecessário, pois os educandos não são orientados de forma adequada para executar os trabalhos solicitados.

 Para ele a função da escola na sociedade atual, cheia de informações e inovações tecnológicas, é ensinar a aprender e não transmitir conteúdos. E afirma que “Ensinar a aprender”  não é apenas mostrar caminhos, mas orientar o aluno para que desenvolva um olhar crítico que lhe permita reconhecer as trilhas que conduzam  ás verdadeiras fontes de informação e de conhecimento, cabendo ao educador possibilitar situações que levem os alunos a chegar as informações que precisam e aos conhecimentos necessários para a aprendizagem.  

Portanto nesta nova concepção o papel do educador é o de orientador da aprendizagem e tem que ter consciência da seriedade que envolve os trabalhos de pesquisa no processo de ensino, na responsabilidade que é orientar esses educandos e não simplesmente como um meio de manter os alunos ocupados, de se livrar do desgaste de correções de provas ou como exigências da secretaria de ensino.


De acordo com o autor a pesquisa está presente nas ações mais corriqueiras do dia a dia, no desenvolvimento da ciência, no avanço tecnológico e no progresso intelectual do indivíduo. Com isso o professor tem que ter consciência da seriedade que envolve os trabalhos de pesquisa científica  no processo de ensino.

 Bagno afirma que, é de extrema relevância traçar com clareza as etapas que envolvem a construção de uma pesquisa, tendo bem definidos o propósito, os objetivos e a finalidade, bem como  o produto final deve trazer contribuições para o aperfeiçoamento intelectual dos indivíduos envolvidos nesse processo, da turma, da comunidade e da sociedade.

O autor faz uma crítica que raramente a disciplinas de matemática e de língua portuguesa são utilizadas como objeto de pesquisas nas escolas, porque sempre foram vistas como prontas, acabada e sem perspectivas de mudanças. Diante disso o autor ressalta que o educador ao invés de entregar respostas prontas e regras acabadas, deveria instigar os educando á investigá-las para compreendê-las.

Diante disto o autor traz sugestões para os educadores de como fazer este trabalho de pesquisa voltado para as dificuldades que o aluno tem com questões ortográficas, gramaticais e regras da língua portuguesa, como uma rma de não só facilitar, mas também de repensar a sua pratica pedagógica.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões propostas na obra  “ Pesquisa na escola: o que é, como se faz” traz contribuições relevantes á nossa prática como futuros pedagogos, ou já atuantes na educação. Com isto as reflexões e análise, postas pelo autor reafirma o que vem sendo discutido em disciplinas nos semestres anteriores em relação à importância da pesquisa na escola, propondo um olhar critico, fazendo observações e análises do objeto pesquisado, contribuindo  para que o aluno chegue as fontes de informações e de conhecimento.

 Portanto as sugestões propostas por Bagno,são de fundamental relevância para o trabalho do educador no processo de ensino e na condução dos trabalhos a serem desenvolvidos na sala de aula. Para Demo “o que distingue a educação escolar e acadêmica de outras tantas maneiras de educar, é o fato de estar baseadas no processo de pesquisa e formulação própria, e tem como condição essencial que o profissional de educação seja um pesquisador e tenha atitude cotidiana.”

Diante dessas abordagens feitas, sobre a necessidade e a seriedade da pesquisa consciente, orientada e fundamentada nos espaços escolares, traz a nossa percepção à importância de repensarmos a nossa pratica cotidiana ao propormos aos educandos, trabalhos infundados, cansativos e que não irão a levar a lugar algum.  

A utilização da pesquisa na disciplina de língua portuguesa, a partir das sugestões dadas pelo autor, observando, analisando, desconstruindo e reconstruindo regras e orientando-os com clareza tem como objetivo trazer conhecimentos significativos para o aluno, ao invés de entregar-lhes regras e leis prontas e acabadas como se não tivessem outras alternativas de compreensão.
                                                                                                                                                       
    È necessário que o educador, a partir destas constatações e  sugestões compreenda que o aluno é capaz de trilhar seus próprios caminhos se o mesmo for orientado de forma adequada, cabendo ao educador levar em consideração os conhecimentos que ele traz.


 RESENHISTA: Céo. Ana Maria de Oliveira. Aluna do VI período Curso de Pedagogia Docência e Gestão de Processos Educativos.






sábado, 26 de março de 2011

O curriculo escolar











O Currículo Escolar numa Perspectiva Libertadora


Ana Maria de Oliveira Céo¹


“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, os homens se libertam em comunhão”


Resumo: O presente artigo trará reflexões acerca da educação como prática da liberdade. Para tanto parte-se de uma revisão bibliográfica da obra de Paulo Freire, a qual apresenta dimensões da relação entre atores sociais por libertar-se da situação na qual se encontra. Portanto o objetivo deste trabalho é analisar as contradições opressor/oprimido, a relação do dialogo e da educação como prática da liberdade, como instrumento que fortalece uma destas dimensões.

Palavras – chaves: Pressão, oprimidos, libertação, currículo escolar.


Introdução

Nos últimos anos há uma grande necessidade de se refletir sobre a situação do individuo na sociedade atual. Percebemos que a maioria das discussões perpassa pela necessidade de nos libertarmos de uma condição na qual somos dominados por um sistema que por muito tempo impõe suas ideologias. Será que a educação escolar dará conta dessa libertação? Quais os fundamentos de um currículo escolar numa perspectiva libertadora?

Ao constatar que a sociedade se divide em classes, mais especificamente em opressões e oprimidos, percebe-se que existe uma luta que deverá ser travada, de libertar não só os oprimidos, mas também os que oprimem de sua ação perversa. Portanto, há duas situações diferentes de posição a serem analisadas.

Segundo Paulo Freire (1987)



Os opressores falsamente generosos têm necessidade para que sua “generosidade” continue tendo oportunidade de realizar-se, da permanência da injustiça. Quem melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá melhor que eles os efeitos da opressão? Quem mais que eles, para ir compreendendo a necessidade de libertação. (Freire, p. 31, 1987)


É esta situação paradoxal entre opressor/oprimido que vivenciamos no contexto histórico atual. Observa-se que a libertação do individuo quanto à manipulação não requer mudanças de papeis, de oprimido a opressor. O que está em questão é a superação através da ação, sujeito/mundo que venho transformar esta realidade; na qual as ações atendam a todos, ou seja, a busca pela coletividade, como afirma Freire (1987) “Não há um sem o outro, mas ambos em permanente interação.”

Essas ações dentro da sociedade devem ser feitas a partir da reflexão, da mediação, da interação entre os seus sujeitos, principalmente nas relações educador-educandos. Não se concebe mais participa formação do individuo que não se reconheça como ser parte da história que vivencia; A idéia de uma educação que faz do educando um deposito é ultrapassada. Por isso, necessitamos de sujeitos que pensem, atuem e que lutem quando se sentirem oprimidos, manipulados, impedidos de pensar.

Partindo deste principio, observamos que há uma urgência de mudança no processo pedagógico, na construção do currículo escolar e no educador. Mesmos cientes que o que estamos discutindo neste momento não é algo novo, vem se discutindo estas questões a muito tempo. Segundo Freire:

Se pretendemos a libertação dos homens não podemos começar por aliená-los ou mantê-los alienados. A libertação autentica, é a humanização em processo, não é uma coisa que se deposita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mitificante: É práxis, que implica ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo.   (FREIRE , p. 64)


É importante ressaltar que uma educação que concebe o sujeito do processo educativo um deposito de conhecimentos e um depositante destes conhecimentos, está muito aquém de seu objetivo de libertação de opressão da classe dominante. É preciso refletir que as praticas educacionais que ainda vem sendo desenvolvidas no espaço escolar, precisam ser repensadas se almejamos mudanças, por isso, precisamos repensar o currículo escolar e o fazer pedagógico, que são desenvolvidos na escola.

Altusser (1983) afirma que a escola constitui-se um aparelho ideológico central das idéias capitalistas de opressão, porque atinge praticamente toda população por um período prolongado de tempo e essas ideologias são repassadas através do currículo escolar; através das disciplinas trabalhadas no processo educativo.

Com essa afirmação constatamos que a escola vem cumprindo muito bem sua função de aparelho ideológico ao longo dos anos, e continuará por muito tempo se a educação e os currículos escolares não forem analisados, interpretados e modificados. Para tanto, propomos um novo olhar, novas reflexões a respeito do currículo escolar e da relação entre educador/educando constituídos ao longo do tempo.

Relação educador / educandos


Compreendemos que, para entendermos a questão do currículo escolar, faz-se necessário neste momento analisar alguns aspectos da relação educador/educandos. Por mais que tentamos trazer reflexões acerca dessa relação, percebemos que ainda estão enraizados no cotidiano escolar praticas educativas que distanciam tanto educadores, quanto educandos da realidade onde estão inseridos. Na concepção que Freire (1987) define como “bancaria”, porque o conhecimento é depositado, o educador ao invés de comunicar, faz comunicados. Percebemos que o papel do educador nesta perspectiva é alienar os educandos, impossibilitando-os de sequer perceber a sua condição de alienado. Como conseqüência disso, é que estamos diante de uma sociedade reprodutora e de indivíduos incapazes de interpretar a sua própria vida.

Partindo desse pressuposto, é necessário trazer à compreensão, que o currículo que vem sendo aplicado nas Instituições de ensino ainda é algo pronto, acabado, elaborado para garantir que as ideologias existentes sejam repassadas para os sujeitos, como uma forma de dominação. Os conteúdos programáticos nada mais são do que roteiros organizados, que deverão ser memorizados e arquivados por educadores e educandos. É improvável querer sujeitos criativos. transformadores, conhecedores, se o currículo que se desenvolve nas escolas não forem repensados  ou  modificados e se as relações entre educador/educandos, e a educação ainda se faz como deposito de conteúdos.

Currículo escolar repensado sobre uma nova perspectiva.

Segundo Freire (1987), “A educação que se compromete com a libertação, não pode fundar-se numa compreensão dos homens como seres “vazios”, a qual o mundo “encha” de conteúdos”.

Em outras palavras, o educador deve levar em consideração que está lidando com sujeitos pensantes, com saberes próprios, e que através da interação, a intercomunicação entre os sujeitos, que iria possibilitar a superação do estado de inércia impostos pelas ideologias existentes, na qual ambos possam superar as contradições existentes na sociedade.

Quando falamos do currículo escolar, e da necessidade de se fazer modificações a partir de uma perspectiva libertadora, devemos considerar que tipo de ser humano desejamos formar na sociedade do século XXI, na escola capitalista brasileira. Temos dois caminhos: ou continuamos alienando-os, ou formamos pessoas capazes de pensar a realidade social, de analisar de forma crítica as suas relações com o mundo e apropriando-se dela como realidade histórica.

Na visão de Pistrak (2000), os objetivos gerais da educação o individuo deve ser orientado a participar do trabalho social de forma ativa, consciente e socialmente esclarecido e deve dotá-los de princípios que lhe possibilitarão uma avaliação moral da sua própria pessoa enquanto membro da sociedade.

Diante disso não há produção de conhecimento se a educação não cumprir o seu papel de promover mudanças significativas no espaço pedagógico e social. Portanto, a forma como esse conhecimento é produzido no espaço escolar, à maneira como a relação professor/aluno é conduzida, se é através do dialogo ou não é que irá fazer com que os sujeitos mediados se apropriem da realidade histórica. O currículo escolar a ser desenvolvido na escola deverá conceber a dialogicidade entre os sujeitos do processo educativo. É necessária essa consciência da relevância da interação educador-educando. Como salienta Freire (1987) “Educador já não o que educa, mas o que enquanto educa, é educa, em diálogo com o educando que ao ser educado também se educa”. Nessa nova perspectiva que é proposta por Freire, uma perspectiva libertadora ou problematizadora, os conteúdos programáticos proposto no currículo, deve partir de um tema gerador e deveria ser realizado por meio de uma metodologia crítica, conscientizadora, através das experiências vivenciadas pelos educandos. É a participação dele que irá definir a construção desse conhecimento, pois o mesmo precisa se ver participante, atuante no processo ensino-aprendizagem, o que é o oposto ao que propõe a educação “bancaria”.

Sob está nova perspectiva de educação, da pratica da liberdade, o sujeito é co-laborador da sua libertação. É através da sua consciência crítica, certo do seu poder de transformação que o mesmo se fará histórico.

Portanto, rever a questão do currículo escolar é um ponto extremamente relevante para mudanças de paradigmas existentes na sociedade capitalista. A escola atua ideologicamente através do currículo (Silva, 1992). É preciso mudar...

Considerações finais

A epígrafe que inicia este artigo abre um leque de reflexões e enfatiza a superação do homem a partir da reflexão e da ação. Somente na ação da coletividade, na luta, que pode se possibilitar ou se questionar a libertação do sujeito dentro da sociedade capitalista do século XXI. Pelas reflexões que deixamos aqui registradas, pensamos ter sido possível compreender que a perspectiva de uma ação libertadora, é permitir que os sujeitos através da ação da prática cotidiana, nas relações homem/mundo se tornem independente, pois não pode haver libertação se o individuo (home, sujeito e educando) não se reconhecer dentro do processo histórico que se insere.

“A libertação dos oprimidos é a libertação dos homens, portanto, necessita em primeiro lugar de uma auto-libertação”. (Freire, 1987).

______________________________
¹Graduanda do curso de Pedagogia Docência de Gestão e Processos Educativos – IV Período

Referencias Bibliograficas


FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987

PISTRAK. M. M. Fundamentos da Escola do Trabalho / Pistrak; Daniel Aarão Reis Filho – 1º Edição – São Paulo: Expressão Popular: 2000.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Ambiente alfabetizador: Ana Teberosky

Ambiente Alfabetizador

Entrevista com Ana Teberosky


O que é um ambiente alfabetizador?
Ana Teberosky - É aquele em que há uma cultura letrada, com livros, textos digitais ou em papel, um mundo de escritos que circulam socialmente. A comunidade que usa a todo momento esses escritos, que faz circular as idéias que eles contêm, é chamada alfabetizadora.

Nós vivemos em uma comunidade alfabetizadora?Ana Teberosky - Cada vez menos a sociedade auxilia a alfabetização por não promover situações públicas em que seja possível a circulação de escritos, debates, discussões e reuniões em que todos sintam necessidade e vontade de usar a palavra. O individualismo vai contra a formação de leitores e escritores. Há uma tese brasileira que mostra como os sindicatos, durante sua história, desenvolveram uma cultura alfabetizadora entre seus membros. Como os líderes tinham de convencer os filiados sobre determinadas teses, buscavam informações para embasar seus argumentos, levantavam questões e respondiam às apresentadas. Os sindicalizados, por seu lado, também precisavam ler documentos, participar de reuniões, colocar suas dúvidas e opiniões para decidir.

Quais atividades o professor alfabetizador deve realizar?
Ana Teberosky - Formar grupos menores para as crianças terem mais oportunidade de falar e ler para elas são estratégias fundamentais! É preciso compartilhar com a turma as características dos personagens, comentar e fazer com que todos falem sobre a história, pedir aos pequenos para recordar o enredo, elaborar questões e deixar que eles exponham as dúvidas. Se nos 200 dias letivos o professor das primeiras séries trabalhar um livro por semana, a classe terá tido contato com 35 ou 40 obras ao final de um ano.

É correto o professor escrever para os alunos quando eles ainda não estão alfabetizados?Ana Teberosky - Sim. A atuação do escriba é um ponto bastante importante no processo de alfabetização. O estudante que dita para o professor já ouviu ou leu o texto, memorizou as principais informações que ele contém e com isso consegue elaborar uma linha de raciocínio. Ao ver o que disse escrito no quadro-negro, ele diferencia a linguagem escrita da falada, seleciona as melhores palavras e expressões, percebe a organização da escrita em linhas, a separação das palavras, o uso de outros símbolos, como os de pontuação. A criança vê o seu texto se concretizar.

O computador pode ajudar na alfabetização?
Ana Teberosky - O micro permite aprendizados interessantes. No teclado, por exemplo, estão todas as letras e símbolos que a língua oferece. Quando se ensina letra por letra, a criança acha que o alfabeto é infinito, porque aprende uma de cada vez. Com o teclado, ela tem noção de que as letras são poucas e finitas. Nas teclas elas são maiúsculas e, no monitor, minúsculas, o que obriga a realização de uma correspondência. Além disso, quando está no computador o estudante escreve com as duas mãos. Os recursos tecnológicos, no entanto, não substituem o texto manuscrito durante o processo de alfabetização, mas com certeza o complementam. Aqueles que acessam a internet lêem instruções ou notícias, escrevem e-mails e usam os mecanismos de busca. Ainda não sabemos quais serão as conseqüências cognitivas do uso do computador, mas com certeza ele exige muito da escrita e da leitura.

É possível alfabetizar em classes numerosas?
Ana Teberosky - Depende da quantidade de alunos. Em quatro horas de aula por dia com 40 crianças, é muito difícil e eu não saberia como fazer... Seria melhor se cada sala tivesse 20, 25. Em Barcelona, estamos experimentando os agrupamentos flexíveis, que misturam grupos de diferentes níveis, com 12 estudantes e com três ou quatro professores à disposição para orientação. Existem algumas possibilidades desde que haja contribuição da gestão pública.

"Acreditar que o aluno pode aprender é a melhor atitude de um professor para chegar a um resultado positivo"

edição 187 - nov/2005edição 187 - nov/2005

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ser professor



Ser   Professor


Eu sou um professor. Nasci no primeiro momento em que uma pergunta saltou na boca de uma criança.

Tenho sido muitas pessoas em muitos lugares. Os nomes daqueles que exerceram minha profissão constituem uma galeria da fama da humanidade: Buda, Paulo Freire, Confúcio, Montessori, Emìlia Ferreiro, Moisés, Jesus.

Eu sou também aqueles nomes e rostos que já foram esquecidos, mas cujas lições e cujo caráter serão para sempre lembrados nas relações dos que educaram.

Já chorei de alegria em casamentos de ex-alunos, ri de felicidade pelo nascimento de seus filhos e me quedei de cabeça baixa, em dor e confusão, junto a sepulturas cavadas cedo demais para corpos jovens demais.

No decorrer de um dia, já fui chamado para ser artista, amigo, enfermeiro, médico, treinador, tive de encontrar objetos perdidos, emprestar dinheiro, fui motorista de táxi, psicólogo, substituto de pai e mãe, vendedor, político e guardião da fé.

Apesar de mapas, gráficos, fórmulas, verbos, histórias e livros, na verdade não tive nada a ensinar aos alunos, porque o que eles de fato têm de aprender é o que eles são.

E eu sei que é preciso um mundo para ensinar a uma pessoa quem ela é. Eu sou um paradoxo. Quanto mais escuto, mais alta se faz ouvir minha voz.

Quanto mais estou disposto a receber com simpatia o que vem dos meus alunos, mais tenho para oferecer-lhes.

Riqueza material não faz parte dos meus objetivos, mas eu sou um caçador de tesouros, dedicado em tempo integral à procura de novas oportunidades para meus alunos usarem seus talentos e buscarem sempre descobrir seu potencial, às vezes, enterrado sob o sentimento do fracasso.

Sou o mais afortunado dos trabalhadores. Um médico pode trazer uma vida ao mundo num só momento mágico. A mim é dado cuidar que a vida renasce a cada dia com novas perguntas, melhores idéias e amizades mais sólidas.

Um arquiteto sabe que se construir com cuidado um prédio, sua estrutura pode durar séculos. Um professor sabe que, se construir com cuidado, com amor de verdade, sua obra com certeza durará para sempre.

Sou guerreiro que luta todos os dias contra a pressão, a negatividade do medo, o conformismo, o preconceito, a  ignorância e a apatia. Mas tenho grandes aliados: a inteligência, a curiosidade, o apoio, a individualidade, a criatividade, a fé, o amor e o risco.

Todos vêm reforçar minha trincheira. E assim tenho um passado rico em recordações. Tenho um presente desafiador, cheio de aventuras e alegrias, porque me é dado passar todos os meus dias com, o futuro.                          


Sou um professor...


E agradeço a Deus por isso, todos os dias.


                                                     Cledir Rocha Pereira.


quarta-feira, 23 de março de 2011

AÇÕES COLETIVAS: Reprodução ou perspectiva de Transformação


AÇÕES COLETIVAS: Reprodução ou perspectiva de Transformação


A sociedade do século XXI está marcada por grandes contradições, uma herança do sistema capitalista e das suas multifaces de dominação existentes. É dentro desse contexto que vem surgindo ações que ao invés de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, vem fazendo com que os princípios reprodutivos do sistema capitalista sejam cada vez mais internalizados e excludentes.

Segundo a Cartilha Popular (2009), esta mesma sociedade esta diante de uma crise mundial que atinge a todos. Para os especialistas é uma crise econômica, ambiental, social, política e de paradigmas do capitalismo, tratando-se de uma crise profunda que poderiam levar as duas vertentes: fortalecer ainda mais o sistema capitalista, ou fazer com que a humanidade (os indivíduos), se organizem a ponto de romper com a perversidade e excludência que perdura ao longo dos anos.

Estamos diante de uma crise mundial, com isso aumenta a exploração da classe trabalhadora e mais uma vez os cidadãos se sujeitam a perder os seus direitos para não ficarem desempregado, ou seja, o sistema do capital utiliza de todos os meios possíveis para continuar explorando e tirando proveito da situação. A grande questão é que as desigualdades sociais existentes são gritantes, o que deveria ser dever do Estado, assegurado por lei, não está se cumprindo e novos atores entraram em cena no lugar dos movimentos sociais politizados, surgindo assim, o chamado terceiro setor, que são as associações, cooperativas, entre outros, numa tentativa de complementar as ações estatais com programas que enfatizam os deveres dos cidadãos e ignorando os direitos, como afirma Gonh (2000).

Percebemos que os nossos direitos não estão sendo garantidos, como prevê as leis do nosso País, pois continuamos sendo membros de uma sociedade desigual, perversa e excludente, que permanecerá assim se não sairmos da inércia, dessa condição de alienação na qual somos condicionados cotidianamente ao longo dos anos. Com o crescimento das desigualdades, do desemprego, da fome, do analfabetismo e da marginalização, vem se criando instituições, organizações, associações, ou seja, meios para tentar remediar essa situação, pois tem-se percebido que o Estado não tem dado conta, e na verdade esta fugindo da sua responsabilidade e do seu dever.

 Observa-se que é importante a participação dessas s e organizações, na sociedade atual, mas a maioria ou grande parcela delas com seus “projetos sociais” tem se utilizado da má fé, das ideologias capitalistas, impostas e impregnadas pra acrescentar a nossa sociedade as desigualdades sociais, pois trazem nas suas verdadeiras intenções, ações camufladas em beneficio  de seus próprios interesses e com perspectivas de lucros garantidos as custas da miséria  das pessoas . O que vemos em todo o País é o descaso, a violência, a submissão e opressão, e cada vez mais aparece organizações com “solidariedade” falsa, e a mídia ajuda muito na ascensão dessas organizações e instituições mal intencionadas.

Da sociedade dos séculos anteriores, para a sociedade atual mudou-se o cenário, mas situações continuam a mesma. O filme “Quanto vale ou é por quilo” de Sérgio Bianchi ( 2004 ), nos traz a reflexão, que o ser humano é considerado ainda uma mercadoria, por sinal, muito valiosa, pois favorece o enriquecimento da classe dominante. Por isso não nos damos conta que ainda somos escravizados, manipulados de todas as maneiras pelos inúmeros artifícios utilizados para manutenção das ideologias capitalistas, sejam eles através da mídia, das entidades, organizações, normas, etc.

 Assistimos a tudo isso, mas quem sabe seja este o momento de ir a luta, de nos organizarmos para uma mudança. Todas as leituras, todas as discussões nos indica este caminho. A nós cidadãos caberão o importante papel de lutar pelos nossos direitos, construindo-os a partir das ações coletivas na sociedade, que envolvam todos para um bem em comum.

Partindo dessas constatações, a educação, através dos seus espaços escolares, em especial as universidades tem papel fundamental na vida dos indivíduos, pois é lugar oportuno para que desenvolva nos educandos uma consciência crítica capaz de levar à transformação. Portanto, é grande a responsabilidade que é colocada a educação de transformar e de construir com os cidadãos e cidadãs a luta pelos seus direitos. Isso sim é participação, pois a partir da consciência individual buscar-se-á parceiros para as ações coletivas dentro da sociedade. A sociedade contemporânea requer pessoas conscientes, criativas e ativas com o objetivo de modificar e romper a hierarquia existente, ou seja, buscar parcerias com indivíduos capazes de transcender aos desmandos existentes. A partir do momento que não só a escola, mas todos se propõem a fazer-se consciente do seu papel transformador dentro da sociedade, criaremos uma nova perspectiva, ou seja, estaremos indo para além do capital, como sugere,Meszaros (2004)

 Referências Bibliográficas

BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é participação. 8 ed.São Paulo-SP: Brasiliense, 1994 ( Coleção Primeiros Passos)

Telles, Vera. A sociedade civil organizada e a construção do espaço público. In: DAGNINO, Evelina (org). Anos 90: Política e sociedade no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994.

GONH, Maria da Glória. Mídia, Terceiro Setor e MST, 2000.

MÉSZAROS, Para além do capital, 2005. Secretaria Nacional do MST, 2009 MST, Cartilha da Assembléia Popular. Para debater a crise. São Paulo-Sp:

OS CLÁSSICOS DA LITERATURA INFANTIL



A arte de ler e de dramatizar textos clássicos da Literatura infantil e suas contribuições ás crianças


Ana Maria de Oliveira Céo, e  Williane  Mendes - UNEB  

                       

Resumo: O referido artigo tem como principal abordagem relatar as nossas vivências no estágio de pesquisa/intervenção. Este Estágio foi proposto aos discentes do VII Semestre do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia/Campus-X no qual desenvolvemos o  projeto pesquisa  A arte de ler e de dramatizar textos clássicos infantis e suas contribuições para o desenvolvimento da leitura e da escrita das crianças na Associação de Moradores Jardim dos Pássaros em Teixeira de Freitas-ba e tem também como objetivo  analisar as contribuições das narrativas dos clássicos infantis para o desenvolvimento da leitura e escrita das crianças de 6 a 10 anos a partir das leituras e reescritas dos textos clássicos da Literatura Infantil como: Chapeuzinho Vermelho, Os três Porquinhos, A Bela e a Fera, João e Maria e outros. Para alcançar os objetivos propostos no estágio, propomos fazer uma oficina de leitura e escrita com as crianças pesquisadas. Diante disso a nossa primeira ação foi fazer um diagnóstico das vivencias de leitura e escrita dos atores pesquisados. A metodologia utilizada foi um levantamento de dados sobre as leituras vivenciadas pelas crianças através de questionário e entrevista. A relevância desse projeto é contribuir de alguma forma para que essas crianças tenham um melhor desenvolvimento da leitura e escrita, tanto no seu cotidiano, como na escola e que o interesse por ela seja também despertado através desse projeto. E também trazer discussões dos contos de clássicos numa nova perspectiva, que não sejam simplesmente contar estórias, mas discutir temáticas atuais e assim produzir novas ressignificações desses contos e ainda proporcionar reflexões para nós quanto futuros pedagogos.
Palavras-chave: estágio – clássicos infantis – desenvolvimento – mediação – contribuições

Introdução

O presente artigo tem como principal objetivo relatar o resultado da experiência, por nós vivenciada, a qual constitui em um estágio de pesquisa-intervenção, a partir de uma analise e reflexão acerca das questões norteadoras que propusemos, bem como analisar que repertório de leituras são vivenciado pelas crianças nos seu cotidiano e em que medidas a utilização de narrativas e construção de script sobre textos clássicos da literatura infantil contribuem para o desenvolvimento da leitura e escrita das crianças da Associação de moradores do Jardim dos Pássaros, em Teixeira de Freitas. Bahia.
 Por tratar-se de um estágio com pesquisa e intervenção, aplicamos  o  projeto   A arte de ler e de dramatizar textos clássicos infantis e suas contribuições para o desenvolvimento da leitura e da escrita das crianças na Associação de Moradores Jardim dos Pássaros, utilizamos como aporte teórico vários autores que discutiam  sobre a relevância do estágio em espaço não-escolar e  sobre a utilização de atividades lúdicas no processo de desenvolvimento da leitura e escrita,bem como autores que discutem a utilização dos clássicos infantis.
A reflexão sobre a necessidade de possibilitar ao pedagogo em conhecer não só o espaço escolar mais também conhecer os espaços não escolares, são discussões que vem emergindo nas universidades na sociedade contemporânea.  Autores como Pimenta e Lima trazem discussões pertinentes a respeito do estágio com pesquisa e da execução de projetos em espaços não escolares, destacando a relevância à formação do pedagogo, quando afirmam que:
O estágio com pequenos projetos possibilita que os estagiários vivenciem um processo em todas as suas etapas de diagnóstico, planejamento, execução e avaliação em um espaço de tempo com começo, meio e fim, e lhe permite ser aprendiz e autor simultaneamente, enquanto aprende a organizar e gerir o que é necessário e possível em um determinado tempo. A realização dos estágios sob forma de projetos pode estimular nos estagiários o desenvolvimento de um olhar interpretativo ás questões da realidade, uma postura investigativa da instituição. ( PIMENTA e LIMA. p.

Diante dessa afirmação compreendemos a relevância desse projeto na nossa formação como pedagogo. Percebemos que esta foi uma oportunidade de conhecermos os vários espaços educacionais, ao tempo em que foi possível dar a nossa contribuição para esta instituição.  Neste sentido, Zuchetti e Moura citado por Sá (2007) afirmam que o processo ensino aprendizagem acontece não só nos intramuros da escola, mas também nos trabalhos desenvolvidos fora dela.
Partindo desta perspectiva, buscando um olhar de pesquisador e  para dar suporte a nossa pesquisa algumas  questões nortearam o nosso trabalho: Que repertório de leituras são vivenciados pelas crianças nos seu cotidiano? Em que medida a utilização de narrativas e construção de script sobre textos clássicos da literatura infantil contribuem para o desenvolvimento da leitura e escrita das crianças da Associação de moradores Jardim dos Pássaros?
Durante o desenvolvimento do projeto proporcionamos diversas atividades que envolveram a leitura, a escrita e sempre procurávamos utilizar  dinâmicas com as crianças antes que começássemos qualquer atividade. Desse modo, percebemos a importância dessa oficina, que sempre proporcionava a releitura dos contos infantis.
Trabalhamos com diversas leituras dos clássicos infantis selecionados pelas crianças, como: Chapeuzinho Vermelho, Os três Porquinhos, A Bela e a Fera, João e Maria, Peter Pan. Compreendemos que foi um meio facilitador para que os temas propostos discorressem de modo produtivo.   Para fazermos estas  diversas leituras dos clássicos, utilizávamos o CD. Fizemos atividades individuais e coletivas, confecção cartazes, murais, atividades artísticas expressas em forma de desenho, produção escrita e a dramatização. Sempre que trabalhávamos com os contos procuramos uma maneira diferenciada para trabalhá-lo.
Lócus da pesquisa, contexto dos sujeitos envolvidos e metodologia.
Associação de Moradores Jardim dos Pássaros, está situada à rua Princesa Diana, Nº 275, no Bairro Kaikan Sul no município de Teixeira de Freitas- Bahia. A instituição vem prestando serviços à comunidade Teixeirense e percebermos que os membros atuam dentro da comunidade que está inserida com projetos sociais que contribuem para a melhoria da qualidade de vida de crianças, jovens e adultos por meio do trabalho culturais e esportivas.
 Os sujeitos da pesquisa têm a faixa etária entre 06 a 10 anos de idade, inicialmente eram 23 alunos e finalizamos com um grupo de 19, compostos por sua grande maioria de meninas, e vivem em bairros próximos á associação de moradores, como Uribis, Kaikan e Bonadiman e participam de  projetos sociais desenvolvidos na associação de moradores, fazendo atividades esportivas como: capoeira, futebol e Karatê.  Inicialmente foi realizada uma visita  na associação de moradores, sendo que o presidente da mesma, destacou a importância de trazer projetos para as crianças da comunidade que freqüentam o espaço,ressaltando que tinham necessidade de projetos   voltados a aprendizagem cognitiva das crianças. O projeto foi executado por meio de uma oficina, realizado no mês de julho á agosto do ano de 2010, com duração de 60 horas.
Para fazer a nossa pesquisa  utilizamos como  instrumentos para coleta de dados um questionário inicial contendo perguntas abertas e fechadas e uma entrevista final com os participantes , tendo como propósito obter algumas informações acerca dos atores pesquisados. Durante a aplicação do questionário e da entrevista as crianças demonstraram interesse e segurança nas respostas e colaboraram sem problemas. Além dos instrumentos citados, para coletar dados durante todo o desenvolvimento da pesquisa/estágio observamos cotidianamente através das atividades desenvolvidas na oficina de leitura e escrita proposta, cabendo aqui ressaltar que estas atividades possibilitaram as intervenções cabíveis para a concretização dos resultados.

Os clássicos infantis e os saberes das crianças

Neste estágio primeiro fizemos um diagnostico para identificarmos quais envolvimentos com a leitura às crianças tinham, as historias que mais gostavam entre outras coisas, percebemos que os clássicos infantis esta entre umas das mais comentadas. Partindo dessa analise, fizemos todo o nosso trabalho relacionado á leitura voltada para os clássicos infantis. Propondo atividades que despertasse não só o gosto pela leitura dos clássicos, mas também possibilitando a reflexão dos participantes em relação as suas próprias vivências reais. Para Dohme
A história transporta o ouvinte para outro mundo, o mundo da fantasia e a sua narrativa cuidadosa permite que o ouvinte sinta novas e diferentes emoções. Isto amplia a sua visão, que sai da limitação do que pode perceber que as historias provocam a mente navega pelos mares da fantasia (...). Este processo de ouvir historia provoca absorção de conhecimentos oriundos do próprio texto, enredo. No primeiro caso, os conhecimentos absorvidos são comuns a todos os ouvintes, no segundo, estas emoções são particulares e características para cada um. (DHOME, 2003)

As historias preparam a estrada para um pensamento coerente, prepara para pensar, e pensar é um ato que envolve o senso critico. Sendo assim elas são grandes auxiliares na formação do senso critico. Segundo Bettelheim (1980) as crianças têm na necessidade que sejam dadas sugestões em forma simbólica sobre a forma de como elas podem lidar com as situações que ainda sabem resolver, e nos contos de fadas confronta com a criança honestamente com os procedimentos humanos básicos.
O que podemos compreender e que a trama de uma história pode ser utilizada para outras atividades que exploram melhor o surgimento do senso critico. Pois elas podem ouvir as historias que contamos e reescrevê-las de forma diferenciada assim como aconteceu no estagio, quando propusemos que expressassem seus medos ,seus sonhos ou mesmo fizessem uma releitura da história criando um final diferente, ou refletir sobre algumas atitudes das personagens.
Figura 2: Momento  de releitura e escrita dos medos e confecção do mural
Observamos que ao dramatizar histórias ou ao criá-las as crianças demonstram não só criatividade, mas um senso de responsabilidade ao interpretar as personagens, colaboração entre os participantes, uma qualidade que  os contos infantis juntamente com o teatro pode proporcionar. A este respeito Dohme ( 2003) afirma que

Teatro é uma expressão coletiva onde se aplica uma relação de cooperação. O teatro no processo de formação da criança cumpre não só função integradora, mas dá oportunidade para que ela se aproprie critica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade mediante trocas com seu grupo                                                                                          (Dhome, 2003)           
 
Além disso, a dramatização permite o acesso á obras literárias diversas o que consiste num estimulo á leitura e a outras aprendizagens da criança.
 

Análise e interpretação dos dados
Ao analisarmos as respostas, percebemos que a maioria das crianças tem contato no seu cotidiano com algumas leituras. Geralmente estas vivências acontecem mais no espaço escolar e em menos em casa, as leituras que mais gostam segundo eles são de clássicos infantis e histórias em quadrinhos e estas leituras geralmente são acompanhadas em sua maioria pelos educadores em sala de aula e outros em casa ás vezes pelos pais.  A pesquisa nos revelou também que o acesso a leitura ainda é muito pequeno para a maioria das crianças e que a escola é um espaço que tem buscado disponibilizar para estas crianças algumas leituras no seu cotidiano, mas que elas têm desejo de ter acesso a leituras também em seus lares.
 Para que este acesso a leitura se concretize de fato, é necessário que não só a escola mais que a família também crie meios para que os seus filhos sejam incentivados a ler também em seus lares. No entanto é necessário pontuar que existem fatores que fazem com que algumas das crianças só tenham acesso a algumas leituras no espaço escolar, ás vezes os pais trabalham fora, ou são analfabetos  e as condições financeiras não permitem a compra de livros para leituras, entre outros fatores que infelizmente a sociedade desigual em que vivemos permitem que tais fatores aconteçam.
Observamos certo encantamento no que se referiam aos clássicos infantis trabalhados durante as oficinas, nas leituras vivenciadas, nas reflexões propostas a partir dos livros lidos e nas histórias ouvidas. Com isso, percebemos que havia uma naturalidade nas crianças ao discutir as vivencias cotidianas,porque ao mesmo tempo em que se divertiam, as encorajavam á relatar seus medos e sonhos a partir destas histórias trabalhadas. A respeito disso Bettelheim (1980), afirma que  
Para que uma história realmente prenda a atenção da criança deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação; ajudá-la a desenvolver o intelecto e a tornar claras suas emoções:estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações;reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir soluções para problemas que a perturbam.       
 ( BETTELHEIM.1980. p. 13)
Outro aspecto interessante que a pesquisa revelou é a influência que a mídia exerce sob as crianças. Quando pedimos para que relatassem os seus medos, algumas demonstraram medos que não vivenciavam na sua realidade, mas através do que viam em noticiários elas colocaram como se fossem seus medos reais. Além destes aspectos ressaltamos a relevância do “brincar’ no cotidiano da criança. De acordo com as crianças pesquisadas os trabalhos desenvolvidos a partir dos clássicos infantis, os ajudou  a melhorar a leitura e a compreender melhor os textos e ter mais segurança ao ler para as outras crianças do grupo ou na apresentação das dramatizações.  Em alguns relatos durante a pesquisa/estágio as crianças destacaram que gostaram do projeto porque elas aprendiam brincando, ao mesmo tempo em que brincavam também aprendiam. Para Furtado (2007), muito mais que sinônimo de jogo ou da brincadeira o lúdico passou ser reconhecido como parte das atividades essenciais da dinâmica humana.  
Portanto as nossas experiências no estágio/pesquisa nos fez compreender a relevância de disponibilizar situações envolvendo leitura escrita no cotidiano da criança, bem como ressaltar as contribuições que os clássicos infantis trazem para o desenvolvimento da linguagem escrita e oral, das possibilidades de interação e cooperação proporcionadas aos sujeitos envolvidos.

Considerações finais

A partir destas discussões e leituras propostas pelos autores que embasaram a nossa pesquisa/estágio e dos dados coletados junto aos atores pesquisados. Concluímos destacando a importância do estágio em espaços não escolares como uma maneira de acrescer novos conhecimentos á nossa formação quanto futuro pedagogo, bem como contribuir para melhorar de alguma forma a qualidade de vida de sujeitos da comunidade que estagiamos. Compreendemos também que esta oportunidade que a Universidade vem disponibilizando para que os acadêmicos transcendam seus conhecimentos para os intramuros da escola é de tamanha riqueza para acrescentar novos conhecimentos e ao mesmo tempo trazer uma experiência singular á todos os envolvidos neste trabalho.

Alem disso, proporcionou uma reflexão em relação ao novo contexto social dos sujeitos envolvidos, com uma nova concepção de família e sociedade, cabendo a nos repensarmos o nosso papel como pedagogos mediante a essas mudanças, onde os mesmos têm muitas vezes a escola como o único referencial para estimulo da leitura.

E enfim as discussões propostas pelos teóricos estudados nos possibilitaram uma visão mais clara a respeito das contribuições que as atividades lúdicas somadas às leituras diversas auxiliam no desenvolvimento de vários aspectos da criança, a importância dos clássicos infantis no processo de ensino aprendizagem, no desenvolvimento da autonomia, senso crítico, desde elaboração do projeto e na forma que iríamos avaliar. Os clássicos infantis, além de encantar, divertir as crianças permitem que elas reflitam sobre as tantas coisas que acontecem no seu cotidiano.




REFERENCIAS

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

 DOHME, Vânia. Atividades lúdicas na educação: O caminho de tijolos amarelos do aprendizado.  Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

FURTADO. Tânia. O que é ludicidade? . 2007

PIMENTA,. Selma Garrido Estágio e docência. /Selma Garrido Pimenta, Maria Socorro Lucena Lima3. Ed, - São Paulo: Cortez, 2008


[1] - Artigo apresentado ao componente curricular Pesquisa e Estágio em Espaços Não Formais, ministrado/coordenado pelas professoras Luzeni Ferraz de Oliveira Carvalho e Maria Mavanier Assis Siquara, para fins parciais de avaliação, no VII período (semestre 2010.1) do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia-UNEB/Departamento de Educação-Campus X.

ESCOLA E FAMILIA






Escola e família: encontros e desencontros desta relação 


Ana Maria de Oliveira Ceo

Resumo: O referido artigo[1] traz como proposta fazer uma breve analise das relações estabelecidas entre as instituições escola/família e as suas contribuições para a aprendizagem escolar dos educandos. Esta temática surgiu em algumas discussões de semestres anteriores e principalmente no VIII semestre Curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia/Campus – X a partir de discussões propostas e de algumas reflexões acerca da participação dos pais na escola dos  filhos. Para fazer as análises necessárias desenvolvemos um estudo/pesquisa na Escola Municipal Solidariedade, uma escola da rede pública municipal Teixeira de Freitas/BA. A escolha desta instituição de ensino para desenvolver o presente estudo/pesquisa se deu por tratar-se de um espaço escolar  que faz parte da nossa realidade cotidiana, no qual pretendemos fazer observações acerca de algumas    inquietações, analisar como esta sendo a participação dos pais nas escolas de ensino fundamental e vice-versa ou tentar identificar possíveis fatores que tem distanciados estas instituições na sociedade Contemporânea. A relevância desse projeto é trazer novas discussões acerca da relação entre escola/família e contribuir de alguma forma para que tanto os membros das instituições  escola/família e/ou outros segmentos da sociedade reflitam sobre a importância da participação na educação escolar de  crianças  nas séries iniciais do ensino fundamental.

Palavras - chave: Escola - Família – participação - educandos - formação

Introdução
O referido artigo tem como principal objetivo relatar o resultado de um trabalho proposto na disciplina pesquisa e estágio em espaços formais, a partir de um estudo/pesquisa. O presente texto busca fazer uma breve análise das relações estabelecidas entre escola e família, quando digo breve, é porque seriam inúmeras as discussões que esta temática traria, porque percebo que há muitas inquietações que aflige não só os educadores, mas também a coordenação pedagógica, os gestores escolares a respeito da relevância da participação dos pais na vida escolar dos seus filhos ou da participação da escola na comunidade na qual se insere.
Em algumas reflexões percebo que uma das inquietações, nos levam a pensar sobre o que poderia ser feito pela instituição escolar para que esta participação se efetive de fato. É óbvio que é de suma importância para a melhoria da qualidade do ensino que a sociedade compreenda que tanto a família, quanto a escola tem um papel fundamental na formação do ser humano, mas faz-se necessário que ambas caminhem juntas no processo de formação desses indivíduos.
Nesse sentido percebemos que é relevante para a educação das crianças e jovens que haja uma parceria entre a escola e a família. E essa parceria se dá através do acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos, sendo necessário que as instituições de ensino busquem essa participação dessas famílias. Diante disso é necessário que haja diálogo entre pais, educadores e gestores, com o objetivo principal contribuir para desenvolvimento da aprendizagem dos educandos, ou seja, para a sua formação. Bordenave (2002) nos chama a atenção quando afirma que
 os membros de um grupo  participam mais intensamente quando percebem que o objetivo  da ação é relevante para seus próprios objetivos. Se os membros de um grupo concordam com a necessidade de alguma mudança, pode ser feita uma forte pressão para alcançar a meta,pois neste caso a pressão será exercida pelo próprio grupo. (BORDNAVE.,1994 p 49)

A partir destes pressupostos, entendemos que uma análise a respeito da participação da família e da escola, ou dos encontros ou desencontros da relação entre estas duas importantes instituições na sociedade atual são de extrema relevância.  Para fazer as nossas análises alguns questionamentos nortearam este trabalho: Quais as mudanças ocorridas na  família do século XI?  Porque há este distanciamento entre a escola e a família? Em que medidas as situações econômicas tem influenciado na relação escola/família? 

Os desafios da escola e da família numa sociedade em constantes transformações

Segundo alguns estudiosos do tema, muitas mudanças vêm ocorrendo nos modos de estrutura familiar.  Para Padilha (1992), as mudanças sofridas pela estrutura familiar com o decorrer do tempo não foram de forma alguma planejada, mas sim resultado de transformações sociais, políticas e econômicas.  
Partindo deste pressuposto, observamos que, a estrutura familiar já não é mais a mesma, se antes a formação da família era considerada pai, mãe e filhos convivendo diariamente na mesma casa, com as mães sendo responsáveis pela educação dos filhos e os pais trabalhando fora para o sustento da família. No entanto, Percebemos que, algum tempo esta estrutura familiar vem sofrendo modificações, sendo “comum” algumas crianças viverem com os avós, porque os pais moram, trabalham em outras cidades ou outros países, outra moram com tios, com a mãe ou só com o pai.
De acordo com Nogueira ( 1998),há que se considerar também o fato de que a escola, na atualidade, para além de suas funções tradicionais relativas ao desenvolvimento cognitivo do aluno, chama ainda para si certa parte de responsabilidade pelo bem estar psicológico e pelo desenvolvimento emocional do educando. Enfim, muitos educadores vêm assumindo papéis que não fazem parte do seu currículo na sua formação de educador, pois além de cumprir as exigências curriculares propostas ou muitas vezes impostas, acabam por assumir outros papéis que a família não tem condições de dar conta devido as demandas impostas pela sociedade.
Estamos portanto, diante de alguns desencontros ou desafios na atualidade: a escola e em específico o educador, que lida cotidianamente com a criança ou o jovem, além de dar conta de cumprir o currículo escolar estabelecido, precisa estar atento a questões afetivas e emocionais destas crianças que não tem o convívio dos pais;  os pais não tem tempo ou oportunidade de estar com seus filhos porque precisam trabalhar para o sustento da família.
Observamos a necessidade de tanto a escola, quanto a família dialogarem mais, no sentido de compreenderem seus papeis dentro da educação dessas crianças e jovens, no sentido de compreender a importância de ambas as instituições diagnosticar os desencontros que vem ocorrendo, possibilitando novos encontros, que este só se efetivará com a  participação da sociedade, em parceria com a escola e a família.
De acordo com Bordenave
Apesar de a participação ser uma necessidade básica, o homem não nasce sabendo participar. A participação é uma habilidade que se aprende e se aperfeiçoa. Isto é, as diversas forças e operações que constituem a dinâmica da participação devem ser compreendidas e dominadas. (BORDENAVE ,1994. p 46 )

Nesse sentido, compreendemos que é relevante para a educação das crianças e jovens que haja uma parceria entre a escola e a família. E essa parceria se dá através do acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos, sendo necessário que as instituições de ensino busquem essa participação dessas famílias. Diante disso, é necessário que haja diálogo entre pais, educadores e gestores, com o objetivo principal contribuir para desenvolvimento da aprendizagem dos educandos, ou seja, para a sua formação. 

Considerações finais
As demandas da sociedade capitalista, na qual o ser humano tem que lutar pela sobrevivência dos seus familiares fazem com que muitos destes pais trabalhadores deixem de cumprir seu papel de ajudar na educação dos filhos de forma mais efetiva, mas sabemos que é necessária e relevante esta parceria, pois o que está em jogo é a formação e o futuro de crianças e jovens. No entanto observamos que as escolas junto com seus educadores, gestores e também trabalhadores, mesmo na luta diária para o cumprimento das atividades curriculares exigidas também pela sociedade movida pelo capital, estão tentando buscar meios de trazer os pais ao convívio escolar, a serem mais participativos na educação dos filhos.  Dentro desta perspectiva compreendemos que a partir dos estudos e discussões os desencontros acontecem, mas estão se possibilitando encontros possíveis sim nesta relação família/escola. Silva(2002) afirma que tanto a escola como a familia parecem viver momentos de perplexidade, sem definição de como conciliar as necessidades do mundo moderno.
Compreendemos que ambas  instituições concordam com a relevância de uma participação mais efetiva, não só dos pais, mas da escola como um todo. Mas ainda é necessário levar esta reflexão mais a toda a sociedade. E esta pesquisa nos proporcionou uma reflexão em relação ao novo contexto social e como dos sujeitos envolvidos são influenciados, cabendo a nos repensarmos o nosso papel enquanto família, escola  e sociedade mediante a essas mudanças que requerem de nos novos olhares e novas posturas.


REFERÊNCIAS

BORDENAVE. Juan E. Diaz. O que é participação/ Juan E. Diaz Bordenave, - 8ª edição – São Paulo  Brasiliense, 1994.
SILVA. Kátia A. C. C. Articulação teoria e pratica. Inter-ação Rev. Fac. UFG,27: 1-54. jul/dez.2002
PADILHA. M.I.C.S- A família em questão: uma abordagem histórico-contextual. Acta Paul. Enf.,V.5,p.8-13,jan /dez.1

 
Template Rosinha|Templates e Acessórios